sábado, 8 de novembro de 2008

Navalha na carne, um corte profundo na nossa sociedade

Hoje à noite fui ao teatro Amélia Rey Colaço (espaço que não conhecia, mas que é desde já bastante acolhedor), com os meus colegas do Animateatro, ver a peça de teatro "Navalha na carne" (texto de Plínio Marcos e encenação de António Terra).

Um sórdido quarto de 5ª categoria. Três vidas que se entrelaçam numa luta constante pelo poder fétido do reino de ninguém.Uma prostituta, um chulo, um homossexual…Mulher mal amada, homem de pouca lei, bicha descarada…Cláudia Semedo, Diogo Mesquita e Tiago Fernandes oferecem-nos uma mistura de sensações e emoções de uma realidade sempre actual.

Esta é de facto uma história capaz de deixar qualquer um com o nó na garganta. Um quarto onde os actores se despem de pudores para por nu a nossa dura realidade. Um retrato actual dum submundo nojento, duma sociedade podre. Uma navalhada num mundo de preconceitos e sem cultura. Três vidas que nos fazem duvidar da nossa liberdade e até da própria Humanidade. Porque o teatro é para ser sentido, aqui está uma peça feita para que ninguém lhe fique indiferente.

Ficam os testemunhos dos actores e do escritor a quem dou desde já os meus parabéns pelo trabalho.

Cláudia Semedo (Neusa Sueli): "Que o corte seja tão profundo, que corte com todos os preconceitos".
Diogo Mesquita (Vado): "Navalha na carne, uma vida por uma navalha. (Vado)
Navalha na carne, a minha vida no fio da navalha. (Diogo)
Navalha na carne, uma navalha na minha vida. (actor)"
Tiago Fernandes (Veludo): "Foi para mim, um absoluto privilégio. Plínio Marcos Traz a lume as achas que tantas vezes se teima em não deixar chegar perto do fogo. Navalha na Carne... o Mundo é, de facto, feito de toda a gente."

Plínio Marcos: "Bom, eu acho que toda a Violência na sociedade moderna tem origem na egoistica distribuição de renda que leva à quebra de identidade cultural do homem comum, tornando-o incapaz de se defender politicamente. Então ele parte para a violência física. Para a prostituição, para a migração, porque a miséria é a grande geradora de tudo isso..."

Enfim, razões mais do que suficientes para se deslocar ao teatro Amélia Rey Colaço, em Algés. A peça já estreou dia 17 de Outubro, mas vai ainda estar em exibição até dia 22 de Novembro todas as sextas e sábados às 21.30, pelo preço de 10€.





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