quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Cesária Évora no S. Carlos


Depois desta interrupção de 3 dias, haveria muitas outras coisas a dizer, mas essas podem esperar vir a ser postadas mais tarde enquanto esta se não fosse hoje já não seria. Cesária Évora está de regresso aos palcos e sobe hoje às 22h ao do Cinema São Jorge em Lisboa. Irá então apresentar o seu novo álbum Radio Mindelo que é uma recolha das suas primeiras gravações nos anos 60.

Nascida no ano de 1941, em Cabo-Verde, na cidade de Mindelo, é conhecida como "a diva dos pés descalços" e é sem dúvida a cantora do seu país com mais reconhecimento. Cesária (Cise para seus amigos) sempre cantou uma infinidade de canções e fazia apresentação aos domingos na praça principal da sua cidade acompanhada por seu irmão Lela no saxofone. Mas sua vida estava bastante ligada ao bairro Lombo, que havia sido ocupada pelo exército português. Aos 16 anos conheceu um marinheiro chamado Eduardo que a ensinou os tradicionais estilos de música cabo-verdeanas como a morna e a coladera. As mornas (que possivelmente provém de mourn que significa lamento) são canções ligadas à tristeza, mágoa e desejos impossíveis de serem realizados. Évora começa a cantar em bares e hotéis, e com a ajuda de alguns músicos locais ganha estímulo para desenvolver as suas habilidades e é proclamada a "Rainha da morna" pelos seus fãs. Ela torna-se bastante famosa em Cabo Verde, mas internacionalmente o seu reconhecimento ainda era pequeno. Aos vinte anos foi convidada a trabalhar como cantora para o Congelo - companhia de pesca criada por capital local e português. O seu salário era ganho a cantar principalmente em jantares.

Em 1975, Cabo Verde adquiriu sua independência, mas o seu novo líder Amilcar Cabral foi assassinado durante o tumulto causado com o fim de cinco séculos sob domínio português. Évora ainda era popular na época, mas sua popularidade não lhe dava sucesso financeiro. Frustrada por questões pessoais e financeiras, aliadas à dificuldade económica e política de Cabo Verde, ela desistiu de cantar para sustentar sua família. Évora ficou assim 10 anos sem cantar. Retomou as suas apresentações após ter sido encorajada por Bana (líder de bandas e empresário cabo- verdeano exilado em Portugal). Ele fez-lhe convites para realizar espectáculos em Portugal, os quais ela aceitou e contou com o patrocínio de uma organização local de mulheres.
Em Cabo Verde um francês chamado Jose da Silva persuadiu-a para ir a Paris e lá Évora acabou por gravar um novo álbum em 1988 La diva aux pied nus (a vida dos pés descalços) - que é como se apresenta nos palcos. Ao contrário do que é divulgado, ela canta descalça simplesmente por gostar, por se sentir segura descalça, e não em solidariedade aos «sem-abrigo», às mulheres e crianças pobres de seu país. Este álbum foi aclamado pela crítica e Évora encontrou-se numa dramática volta à música que teve como ápice a gravação do álbum Miss Perfumado em 1992. Tornou-se uma estrela internacional apenas aos 47 anos de idade.
Em 2004 conquistou um prémio Grammy de melhor álbum de world music contemporânea.
Em 2007, o presidente francês Jacques Chirac distinguiu-a com a medalha da Legião de Honra de França.

Desde La Diva aux pieds nus até 2006 gravou 17 álbuns e regressa agora com esta colectânea das suas gravações dos anos 60. Os bilhetes para ver esta diva e partilhar as suas origens custam 30 e 35 euros. Fica o vídeo ao vivo do seu maior exito: Sodade.

1 comentário:

Anónimo disse...

Saudade! Saudade!
Gostava tanto de um dia vê-la ao vivo... Dava-lhe um "passou bem" ou dois beijinhos ou os tres e dir-lhe-ia: "Estou sem palavras" lool
A divina, com a sua bela voz. Espero um bom espectáculo.
Será k o CD dela tá pa ouvir na fnac como o da Maria Joao?
Bjus**