sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Gotan Project voltam a Portugal


Amanha (dia 20), os Gotan Project regressam a Lisboa, e desta vez actuam na praça de toiros do Campo Pequeno.

Foi em 1999, em Paris, que Philippe Cohen Solal (francês), Eduardo Makaroff (argentino) e Christoph H. Müller (suíço) se juntaram para formar um novo grupo musical. Com um estilo baseado no Tango, mas com elementos electrónicos, vêm criar uma nova forma de fazer este tipo de música: o tango electrónico. O nome Gotan surge precisamente da palavra Tango com as sílabas invertidas. Em 2001 lançam o seu primeiro Cd, chamado La Revancha del Tango, seguido de Inspiración - Espiración, gravado em 2004. Um ano depois gravam o primeiro DVD ao vivo, intitulado La Revancha del Tango (Live). Em 2006 gravam dois álbuns: El Norte e Lunático. Neste ano de 2008 lançam Gotan Project Live, um duplo CD gravado ao vivo.

Os bilhetes para este espectáculo variam entre os 27.50 e os 32.50 euros. Os portugueses têm a oportunidade única de ver um espectáculo de alta qualidade estética e sonora. Música e espectáculo capaz de conquistar todos os amantes do tango mais autênticos, eternizando o bandoneon argentino de Piazzolla, assim com os adeptos da electrónica mais inventiva. Definitivamente o tango não deu ainda a sua última palavra...

domingo, 14 de dezembro de 2008

Marta Hugon, Story Teller


Acabaram ontem os concertos de Marta Hugon no ano de 2008. Uma voz apaixonante que vem surgindo no jazz português. Depois de ter passado no Seixaljazz para apresentar este novo CD Story Teller, ela actuou ontem, 5ª e 6ª-feira no hot clube, sítio onde ela cresceu como música. Acompanhada sempre pela sua banda composta por 3 grandes músicos: Bernardo Moreira no contrabaixo, Filipe Melo no piano e André Sousa Machado na bateria.

Nascida em Lisboa, Marta Hugon começou por cantar repertório clássico na adolescência. Começou a desenvolver uma paixão pelo jazz que a conduziu à escola do Hot Clube de Portugal, já depois de ter tido aulas no conservatório de Amesterdão onde teve aulas com Norma Winstone. É no Hot Clube que forma a sua banda, com os músicos já referenciados. Em 2005 lança Tender Trap, que tem uma grande recepção por parte do público e da crítica. Passado 3 anos, lança então, a 7 de Abril de 2008, Story Teller, o seu segundo trabalho discográfico.

Com uma biografia ainda pequena, mas com trabalhos cheios de qualidade, este nome ainda dará muito que falar. Ficam alguns excertos de declarações sobre este disco e o single.

“… este novo disco de Marta Hugon é maravilhoso (…) Mais ainda: é uma escolha invulgar de canções, todas elas inspiradas e muito bem orquestradas por Filipe Melo. Para tudo isto, muito contribuem a clareza das palavras a que Marta Hugon, com extrema intensidade, deu vida, e as interpretações musicais onde se sente - à distância – o enorme prazer de cantar e tocar em grupo (…) E é a fazer música assim que se cantam histórias.” Bernardo Sassetti, 2008

“…No plano puramente musical, é preciso dizer-se que Marta Hugon, apesar da sua voz jovem, nos soa hoje com uma assinalável maturidade, dominando e graduando com inteiro à-vontade os vários mecanismos vocais em função das peças cantadas, assim lhes conferindo uma forte personalidade. Depois, sente-se que a própria escolha das tonalidades de cada peça foi cuidada caso a caso, ao ponto de valorizar a capacidade de afinação, a clareza da dicção e da articulação e os cambiantes tímbricos da sua voz, assim melhor sublinhando a expressividade de cada interpretação. Finalmente, a prudente recusa por parte de Marta Hugon de certos tiques do jazz cantado – como a exteriorização forçada da emoção, os malabarismos na utilização do scat ou a sobreexcitação vocal-, aqui substituídos pela justa medida com que alguns destes elementos são usados pela cantora, transmitem credibilidade a um álbum que naturalmente passará a impor-se no panorama actual do jazz cantado português…”Manuel Jorge Veloso, 2008

"Uma Belíssima voz e três excelentes músicos, com um repertório que não pretende ficar refém dos clássicos- mas sem os querer evitar- com arranjos inspirados e muito bem tocados, criam imediatamente uma relação cúmplice com o ouvinte. Partilham a música entre eles e partilham-na connosco." Mário Laginha, 2008


Não deixem de visitar http://www.martahugon.com/.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Maria João e Mário Laginha no CCB

Hoje aqui estou eu para cumprir a promessa que deixei quando apresentei o álbum Chocolate de Maria João e Mário Laginha. Para quem se lembra, ficou prometido antes do concerto deixar aqui uma biografia de cada um. A verdade é que o concerto foi anteontem, mas só hoje tive tempo para vir postar. Quero antes dizer que eu estive no concerto, e só posso dizer que foi mágico. O CCB encheu-se para assistir a um espetáculo repleto de sentimento, imaginação, músicas marcantes, improvisos fenómenais e até histórias antigas. Uma autêntica viagem a um mundo muito pessoal destes artistas, que nunca deixaram de fazer aquilo que verdadeiramente gostam. As palavras serão sempre poucas para descrever o que se viveu, por isso deixo as biografias.


Maria João começou a sua carreira na Escola de Jazz do Hot Club de Lisboa, em 1982. Um ano mais tarde formou o QUINTETO DE MARIA JOÃO, do qual faziam também parte Mário Laginha, Carlos Martins, António Ferro e Carlos Vieira. Esta formação deu origem a dois discos: Quinteto de Maria João (1983) e Cem Caminhos (1985) – neste último António Ferro deu lugar a David Gausden. Nesta altura era já considerada pela crítica da especialidade como uma verdadeira revelação no universo do jazz, tendo sido galardoada com diversos prémios, dos quais se destaca o atribuído no Festival de Jazz de San Sebastian (Espanha).
1986 marcou a primeira viragem na carreira da cantora, que rumou à Alemanha em busca de novos desafios. O seu terceiro disco – Conversa – saiu nesse ano, em resultado de um novo quinteto, do qual fazia parte o contrabaixista Carlos Bica. Contudo, num dos concertos de uma tournée na Alemanha, Maria João teve uma espectadora especial: a pianista japonesa de free-jazz Aki Takase, que a convidou para um projecto em duo. De 1987 a 1990 a cantora e a pianista surpreenderam os públicos dos festivais de jazz europeus, rendidos à liberdade e irreverência da música que apresentavam, bem registados em dois álbuns gravados ao vivo; Looking for Love (1987) e Alice (1990).
Em 1991, Maria João envolveu-se num novo projecto com grupo português CAL VIVA, que marcou também o seu reencontro com Mário Laginha. O disco Sol, uma fusão da música tradicional portuguesa com os sons do jazz, rodou em tournées intensas por todo o país e pelo estrangeiro.
A regularidade do trabalho com Laginha e a cumplicidade musical que se estabeleceu entre ambos incitou-os a um projecto mais acústico e intimista e assim surgiu Danças (1993), o primeiro disco de um duo que persiste até hoje, com o nono álbum – Chocolate – editado em 2004. Pelo caminho ficaram discos marcados pela originalidade e liberdade criativa de dois músicos que rejeitam rótulos e fronteiras: Fábula (1996) um álbum que teve como convidados Ralph Towner, Manu Katché, Dino Saluzzi e Kai Eckhardt de Camargo, numa envolvente mistura de estilos. Cor (1998) e Chorinho Feliz (2000), que surgiram de duas encomendas da Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses e homenagearam respectivamente as culturas do Índico (com a colaboração de Trilok Gurtu e Wolfgang Muthspiel) e o Brasil (destaque para a participação de Gilberto Gil e Lenine). Lobos, Raposas e Coiotes (1999), um disco gravado com a Orquestra Filarmónica de Hannover e aclamado pelo público e pela crítica. Mumadji (2001), o primeiro disco ao vivo, e Undercovers (2002) um disco de covers, com temas de músicos tão diferentes quanto Björk, Caetano Veloso, Joni Mitchell, Alejandro Sanz ou Tom Waits. Antes deste regresso gravaram em 2004 o disco Tralha.
À parte do trabalho regular com Mário Laginha, Maria João tem trabalhado com destacados nomes da música nacional (António Pinho Vargas, Carlos Bica, José Peixoto, Blasted Mechanism, Clã, entre outros) e mundial (Laureen Newton, Bob Stenson, Christof Lauer, Gilberto Gil, Joe Zawinul, Saxofour, Hermeto Pascoal, Lenine, etc).



Mário Laginha nasceu em Lisboa em 1960.
Estudou no Conservatório Nacional com os professores Jorge Moyano e Carla Seixas, tendo terminado o Curso Superior de Piano com a classificação máxima. Paralelamente, dedicou-se ao jazz, participando em várias formações.
Foi distinguido com os prémios de melhor composição, melhor instrumentista e melhor grupo (referente ao seu quarteto) pelo Concurso de Jazz e Música improvisada, promovido pela Secretaria de Estado da Juventude e integrado no programa Cultura e Desenvolvimento (1990).
Foi um dos fundadores do Sexteto de Jazz de Lisboa, em 1984. Escreveu pela primeira vez para uma formação alargada quando, em 1987, formou o Decateto de Mário Laginha, com o qual participou no Festival de Jazz em Agosto, da Fundação Calouste Gulbenkian.
O seu primeiro disco, Hoje, foi gravado em 1994, em quinteto com o saxofonista inglês Jullian Argüelles, o guitarrista Sérgio Pelágio, o contrabaixista Bernardo Moreira e o baterista Alexandre Frazão, editado pela Farol.
Compôs para algumas curtas-metragens e para o filme “Passagem por Lisboa”, de Eduardo Geada. Escreveu música também para teatro: “Estudo para Ricardo III / Um Ensaio sobre o Poder” e "Berenice" (ambos com encenação de Carlos Pimenta e apresentados no Teatro Nacional D. Maria II). Em 2001 apresentou em estreia mundial a obra escrita para orquestra “Mãos na Pedra Olhos no Céu”, uma encomenda da Porto 2001 Capital Europeia da Cultura, apresentada na cerimónia de abertura oficial.
O trabalho em duo tem marcado fortemente o seu percurso. Quer como pianista, quer como compositor, Mário Laginha tem estado directamente ligado à carreira de Maria João. Gravaram juntos dez álbuns e deram centenas de concertos por todo o mundo, em eventos tão prestigiados como Festival de Jazz de Montreux, Festival do Mar do Norte, Festival de Jazz de San Sebastian, Festival de Jazz de Montreal, entre muitos outros. (Os discos gravados pelos dois estão referenciados na biografia de Maria João.)
Desde finais dos anos 80 que Mário Laginha toca regularmente com Pedro Burmester, tendo gravado, ao vivo, o disco Duetos (editado pela Farol em 1994). Os dois pianistas interpretam compositores do século XX, como Ravel, Samuel Barber e Aaron Copland.
Em 1998 inicia uma estreita colaboração musical com Bernardo Sassetti, com quem edita, em 2003, o álbum Mário Laginha e Bernardo Sassetti. No ano seguinte, gravam Grândolas, encomendada no âmbito das comemorações dos 30 anos do 25 de Abril. Foram ainda convidados a tocar com a Sinfonieta de Lisboa, conduzida pelo maestro Vasco Pearce de Azevedo, e Orquestra Clássica da Madeira, dirigida pelo maestro Rui Massena.
Como compositor, Mário Laginha tem escrito para diversas formações, como a Big Band da Rádio de Hamburgo, Orquestra Metropolitana de Lisboa, Orquestra Filarmónica de Hannover, Remix, Drumming e Orquestra Nacional do Porto.Tem também tocado ao lado de prestigiados nomes, tais como Ralph Towner, Manu Katché, Dino Saluzzi, Cristof Lauer, Julian Argüelles, Steve Argüelles, Kai Ekkart, Trilok Gurtu e Howard Johnson.
Gravou o seu primeiro trabalho a solo, Canções e Fugas, em 2005, projecto que foi apresentado em estreia absoluta no grande auditório da Culturgest.

De referir que estas duas grandes personalidades da nossa música, no concerto e na gravação do disco tiveram a companhia de outros 3 grandes músicos: o saxofonista inglês Jullian Argüelles, o contrabaixista Bernardo Moreira e o baterista Alexandre Frazão.
Quero acabar com um enormíssimo obrigado às duas meninas que me ofereceram este concerto. Fica um vídeo que é uma homenagem sentida a elas, e à sua mãe, a quem quero assim dizer que trabalho de casa já foi feito.